Desde miúdo que assisto a documentários da BBC e da National
Geographic, e desde essa altura que sonho em realizar o meu próprio documentário.
Mas por motivos monetários e relacionados com a minha jovem idade, sempre foi
muito difícil poder concretizar este sonho. Achei que o melhor ponto de partida
seria começar a registar a vida selvagem e por isso adquiri a minha primeira
máquina fotográfica digital em 2006, trazia um conjunto de lentes que deixava a
desejar mas foi com ela que aprendi os mais variados truques e aprendi a “trabalhar”
com a máquina e deixar o automático completamente de lado. Mais recentemente
adquiri uma máquina que para além da fotografia também permite filmar, este
upgrade ajudou a melhorar a qualidade das minhas fotografias e permitiu-me
evoluir pessoalmente e começar a procurar novos assuntos e novos ângulos. E também
me permitiu estrear na realização de pequenas filmagens (e de treinar), algo
que nunca tinha tido oportunidade de o fazer até então.
Outro grande sonho, de qualquer fotógrafo, é a observação de
mamíferos. E um desses mamíferos é precisamente a lontra-europeia, Lutra lutra, a qual quase todos
desenvolvem uma relação amor/ódio devido à difícil tarefa que é observá-las,
quanto muito registá-las numa fotografia. Vamos para o campo e vemos dejectos e
pegadas, mas nem sinal delas. Quando finalmente as avistamos só vemos uma cabecinha
a mergulhar e a desaparecer por completo.
Mas eis que algo de extraordinário acontece, num belo final
de dia quando estava em passeio me deparei com várias lontras ao longe a “lutar”
ou a “brincar” entre elas, ficou uma dúvida no ar, seria este o território delas
ou estavam apenas de passagem? Alguns dias depois, montei o abrigo perto de
onde as tinha observado mas não encontrei as lontras, apenas dois guarda-rios
que pararam mesmo à minha frente. As lontras, estariam apenas de passagem,
virei a minha atenção para o guarda-rios e em fotografá-lo. Num outro final de
tarde, montei o abrigo para fotografar o guarda-rios mas este teimou em
aparecer quando a noite já se estava a instalar e não consegui nenhuma
fotografia como desejava, decidi que na manha seguinte tentaria de novo e
tentaria compreender que locais são os que ele gosta de parar para mais tarde
fotografá-lo.
Mas ao invés de fotografar o guarda-rios voltei a encontrar
as lontras, e pude ficar horas a observá-las e a estudá-las como biólogo.
Verifiquei que uma delas era o macho, por apresentar um comportamento mais
solitário ficando a sozinho e afastando-se das outras lontras. Raramente saia
de dentro de água e possuía excelentes capacidades de caçador.
Enquanto a progenitora fica encarregue de educar e alimentar
as duas crias, que são bastante brincalhonas e adoram sair da água e dar uns
mergulhos. Elas apresentam já alguma autonomia e conseguem capturar alguns
peixes, mas continuam bastante dependentes da sua progenitora. Observa-se
muitas vezes que quando a progenitora mergulha as crias seguem-na para a
observar a capturar o alimento, mas depois partem para mais brincadeiras e por
vezes são repreendidas pela progenitora e voltam a prestar alguma atenção nas
suas caçadas.
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