Esta é uma longa história que vou tentar resumir
sucintamente. Provavelmente por ter estado três dias à procura de cobras em
diversos locais e sem sucesso, e no final encontrei a melhor modelo à porta de
casa! Mas vamos começar pelo início. Tudo começou quando cheguei a Miranda do
Douro para o festival Observarribas. Como tinha uns dias livres acabei por ir
mais cedo para o topo de Portugal com a ideia de ir passear e fotografar,
principalmente paisagem, insectos, répteis e anfíbios. De manhã acordava cedo e
procurava locais bonitos para fotografia de paisagem. Regressa antes do
pequeno-almoço e partia para nova aventura, neste caso à procura de insectos e
répteis para vários locais. Mas tinha um objectivo em mente, fotografar algo
que adoro, uma das cobras que existe em Portugal. Com três dias de sol e calor
em cima, vários quilómetros percorridos, inúmeras pedras reviradas, o mais
perto que estive de uma cobra foi uma que encontrei atropelada!
Numa das noites fui fazer um passeio aos charcos que
descobri durante o dia e estavam cheios de vida. Uma das relas-arbóreas
colaborou numa mini sessão fotográfica, enquanto outras espécies de anfíbios relativamente
comuns iam cantando e passeando na escuridão (sapo-corredor;
sapo-comum-ibérico; rã-de-focinho-pontiagudo; rã-verde). Ao longe conseguia
ouvir um sapo-parteiro a cantar, mas sempre a partir de locais inacessíveis,
mas o mais incrível ainda estava para vir. Uma lontra-europeia nadava distraída
na minha direção, ficando a menos de um metro das minhas galochas.
O cansaço
acumulado e o facto de andar estes dias todos sozinho, dia e noite, acabei por
ficar a descansar no dia seguinte. Assim pensava eu…numa das voltas em redor do
local onde estava hospedado debaixo de uma pedra lá estava uma pequenina
cobra-de-escada (Rhinechis scalaris). Foi a primeira vez que fotografei esta espécie. E não podia
ter tido melhor sorte, pois este individuo deixou tirar centenas de fotografias.
Parecia que pousava para as fotografias, nunca tentou fugir de mim ou da
máquina. Embora por vezes tenha tentado atacar. Ao fim de alguns minutos foi
reposta no mesmo local onde a tinha encontrado. E no dia seguinte lá estava ela
no mesmo local. Espero um dia voltar a encontra-la debaixo da mesma pedra, e
espero que ela também se lembre de mim e permita tirar-lhe mais uma série de
fotografias.
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