O mocho-galego (Athene noctua) é uma pequena ave de rapina
da família Strigiformes. Habita planícies e colinas não habitadas pelo ser
humano, mas também áreas agro-pastoris, prados e até pequenos estabelecimentos
rurais (de pequena dimensão, como herdades na zona do Alentejo). Esta espécie cosmopolita encontra-se distribuída por toda a Eurásia,
no norte e este de África, na Arábia, no sul do Irão, no norte da China, entre
outros.
Os mochos-galegos encontram-se ativos tanto durante o dia
como durante a noite, no entanto, eles caçam sobretudo no crepúsculo e durante
a noite. No verão também se alimenta durante o dia, especialmente em zonas
abertas. São aves de rapina generalistas, não existindo nenhuma presa
especifica em que se tenham especializado. Durante a época de reprodução, o
mocho-galego alimenta-se maioritariamente de invertebrados (escaravelhos e
gafanhotos), sendo o resto da sua dieta constituída por mamíferos (roedores),
répteis e algumas aves (de pequeno porte). No entanto, são os mamíferos que
lhes fornecem a maior quantidade de biomassa, e os invertebrados os que são
consumidos em maior quantidade (cerca de 8/10) representam uma pequeníssima
porção da biomassa consumida (1/10).
O mocho-galego é uma espécie territorial, expulsando os
competidores através da combinação de chamamentos, ameaças e ataques. Ao
controlarem um território beneficiam do acesso exclusivo a recursos como a
alimentação, parceiros e locais de nidificação. Para manter estes territórios
existem variados custos individuais, como a perda de tempo, custos energéticos
necessários para sinalizar, patrulhar o território e perseguir outros
competidores. Mas também há um aumento dos riscos de predação e de morte, por vezes a ave
pode ficar com ferimentos quando o combate é desenlace de encontros com outros competidores.
Existem vários fatores de mortalidades não naturais, a
principal e mais estudada, é a mortalidade por atropelamento (trafego automóvel), no
entanto, a caça também constitui um importante fator de mortalidade. A captura ou
remoção de crias dos ninhos é também uma prática ilegal (e em expansão). Tanto para a
caça, como para a captura, os valores podem estar subestimados, isto porque é
mais simples descobrir indivíduos mortos nas estradas do que descobrir estas
práticas ilegais.
Uma outra causa de mortalidade é a contaminação com
substâncias toxicas. Existem vários casos de mochos-galegos com elevadas
concentrações de metais pesados, sugerindo a possibilidade de exposição
cronica. Os metais pesados mais comuns são o chumbo, o crómio e o cadmio. Estes
metais pesados de uso industrial e baixa reatividade química são responsáveis
pela maioria das contaminações ambientais e são também responsáveis por
fenómenos de bioampliação porque podem ser facilmente transmitidos pelo ar,
agua ou alimentos, e facilmente sobem na cadeia alimentar. Nos predadores não
migradores é facilmente observado o processo de bioampliação pois possuem
elevados valores dos contaminantes (metais pesados).
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