O cão: Resgatei um cão abandonado
Esta é uma nova série de artigos que irei publicar sobre os
problemas que enfrentei devido à cadela Skye que resgatei de uma estrada
nacional. Tentarei abordar este tema de uma forma diferente do normal, isto
porque sou biólogo e tenho um gosto especial pelos felinos (gatos), e também
porque nunca quis um cão (principalmente devido à falta de espaço e de tempo).
A ideia para este tema, ao contrário do que se possa imaginar, não foi o facto
de ter de lidar com a cadela diariamente, mas sim lidar com a sociedade.
Começando pelo inicio, o que fazer ao encontrar um cão abandonado.
Nalguns locais é usual os cães passearem pelos terrenos em redor das casas,
regressando mais tarde à sua casa, sendo difícil distinguir quais se encontram realmente
abandonados ou perdidos dos que andam simplesmente a passear. Ao encontrar um cão a deambular à beira da estrada a
primeira coisa a fazer é chamar o cão. Aí deve ter em atenção dois fatores, se
o cão foge em direção a casa ou se o cão vem ao nosso encontro. Para os que
fogem desesperadamente em direção a casa, nesses casos basta acompanhar o cão até
à casa e aí perguntar se o cão pertence à casa. A última reação é sinal de que
o cão precisa da nossa ajuda, embora alguns fujam devido ao medo, a maioria
aproximar-se-á do ser humano pois compreende que este significa comida e água. Neste
caso podem ocorrer duas possibilidades, ou o cão está perdido ou foi
abandonado. A primeira reação será perguntar em todas as casas perto do local
onde encontrou o cão se este pertence a alguém. Caso não haja nenhuma resposta positiva,
será necessário deslocar-se até ao posto da GNR mais próximo e reportar o incidente.
Atenção: a GNR irá ajudar na resolução do problema, mas nunca irá abrigar o
cão, teremos de ser nós a cuidar do cão. A única solução imediata que a GNR
pode oferecer é transportar o cão para o canil municipal. Aí o cão enfrenta
outro problema, a sobrepopulação dos canis, ou seja, caso não seja encontrado o
dono numa semana o cão poderá ser abatido.
Atualmente muitos dos cães possuem chip. O problema do chip
é que é necessário ir a um veterinário para descobrir se o cão possui chip ou
não, caso possua chip o próprio veterinário consegue aceder aos dados e
contactos do dono do cão, ou da veterinária que colocou o chip. A maioria das
informações contidas no chip encontram-se na base de dados na junta de
freguesia onde reside o dono do cão, mas também devem constar de bases de dados
online. O problema é que muitos donos apenas registam o seu cão na junta de
freguesia. Desta forma é mais difícil descobrir as informações dos donos, pois
teremos de contactar todas as juntas de freguesia ou o canil municipal. No
entanto, existem casos raros onde o cão é abandonado e possui chip. Nestes
casos é necessário contactar o dono e esclarecer porque abandonou o cão, no meu
caso foi o canil municipal de Loures que intercedeu junto do dono e me informou
que este não estaria disponível para ficar com a Skye. O problema quando um cão
é abandonado com chip é que quem o encontra não pode ir ao veterinário com o
cão, isto porque é necessário o consentimento do dono… A solução é o dono
passar um certificado em como nos “cede” o cão, passando a ser quem resgatou o
cão a pessoa responsável pelo mesmo. No final é necessário também alterar os
dados do chip, para além das despesas no veterinário.
Como calculam ninguém no seu perfeito juízo irá entregar o canídeo
à pessoa que o abandonou, pois este poderá ser novamente abandonado ou
maltratado. O que fazer a quem abandonou o cão? Depois desta história toda,
apercebi-me que mesmo com a história dos chips os nossos animais de estimação
continuam muito desprotegidos dos maus tratos que sofrem às mãos de certos
humanos.
0 comentários:
Enviar um comentário