A cobra-de-capuz, Macroprotodon
cucullatus, é uma pequena cobra de hábitos secretos que possui uma
distribuição dispersa pelo Norte de África, Ilhas Baleares e Península Ibérica.
As espécies do género Macroprotodon são
unicamente encontradas em regiões mediterrânicas. Na Península Ibérica ocorre a
subespécie Macroprotodon cucullatus
ibericus, proveniente do Norte de África através de colonizações naturais
recentes, quer por via transmarina e também quando a ponte terrestre de
Gibraltar se encontrava disponível.
Ocorre na metade Sul da Península Ibérica e é o colubrídeo
mais pequeno da região europeia e um dos mais desconhecidos. Alimentam-se de
outros vertebrados, principalmente outros répteis e os seus hábitos são ainda
confusos e pouco estudados.
Habita zonas de matos com rochas, pois prefere permanecer
debaixo das rochas, são geralmente regiões semiáridas. Também pode ser
encontrada em áreas abertas de pinhais e montados.
As suas presas favoritas são de corpo longo (ou seja, um
grande SVL – Snout-vent Lenght) que vivem enterradas ou debaixo de pedras. A
cobra-cega, Blanus cinereus, é o seu
alimento preferido, mas também se alimenta de fura-pastos-de-pernas-tridáctila
(Chalcides striatus),
fura-pastos-de-pernas-pentadáctila (Chalcides
bedriagai), lagartixas (Psammadromus
hispanicus e P. algirus),
cobra-rateira (Malpolon monspessulanus),
e alguns casos isolados de rato-das-hortas (Mus
spretus) e pequenos artrópodes (gafanhotos e aranhas). A cobra-cega é uma espécie
de hábitos diurnos e por isso, a cobra-de-capuz não poderá ser completamente
noturna, mas sim de hábitos mistos. No entanto, o habitat dela é debaixo do
solo, de pedras, em buracos ou tocas. Ela caça por emboscada, esperando as suas
presas debaixo das pedras, quer elas sejam provenientes do exterior, como as
lagartixas, ou do chão, como a cobra-cega. Uma análise mais aprofundada à sua
retina indicia que a cobra-de-capuz seja diurna, embora também possua hábitos noturnos.
Embora a cobra-cega seja semelhante em qualquer das pontas e
não possua nenhuma escama pontiaguda, a cobra-de-capuz procura ativamente a
cabeça da sua presa e começa a engolir sempre pela cabeça, um hábito comum em
serpentes. Possui veneno com o qual imobiliza as suas presas, no entanto, ele é
totalmente inofensivo para o ser humano. O veneno é inoculado pelos dentes
posteriores do maxilar superior, ou seja, é opistóglifo. Ela injeta a sua
secreção venenosa das glândulas de Duvernoy numa zona vital da sua presa para a
matar (imobilizar) o mais rapidamente possível. Engolir uma cobra-cega ainda
viva é impensável e perigoso, é um animal que possui uma forte musculatura no
corpo. Ela morde principalmente a cabeça da cobra-cega.
O consumo de presas grandes é semelhante às serpentes
altamente venenosas, as solenóglifos. No entanto, ela alimenta-se com pouca frequência
e possui baixos requerimentos energéticos, no entanto, alimenta-se de presas
com grande biomassa. Esta baixa taxa de alimentação será devido à sua tranquila
vida? Ou devido à limitação de presas? Provavelmente serão necessários mais
estudos sobre esta espécie, no entanto, no Norte de África ela alimenta-se do
dobro das espécies que os indivíduos da Península Ibérica. Foram registados indivíduos
a atravessar estradas entre as 20h e as 24h, evidenciando os seus hábitos noturnos,
no entanto, a limitação das suas presas pode originar alguns hábitos diurnos.
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