GUIA DE FAUNA DA TAPADA DA AJUDA

Todos os posts relativos ao meu livro GUIA DE FAUNA DA TAPADA DA AJUDA! Desde "Como Comprar", a todas as notícias e entrevistas que sairam relativamente ao guia. Se necessitar de mais informações basta entrar em contacto através do e-mail onwild@dophotography.net. Muito obrigado a todos.

MINI-ARTIGOS SOBRE AS ESPÉCIES

Nesta secção encontram-se mini-artigos sobre as espécies, de forma sucinta e clara, ficamos a conhecer um pouco mais sobre a nossa fauna. Ilustrados com as melhores fotografias da espécie.

AS MINHAS MISSÕES

Ao contrário dos artigos, nas missão explico como consegui fotografar as espécies (ou observar). O que sofri e as peripécias para as conseguir fotografar tranquilamente e sem as perturbar.

TRUQUES E DICAS

Nesta secção poderá encontrar alguns truques e dicas sobre fotografia de vida selvagem e de natureza, desde as técnicas utilizadas na máquina como algumas das técnicas utilizadas no terreno.

ABRIGOS

Para além dos vários truques, existem também alguns abrigos já montados que podemos frequentar em Portugal e outros tantos em Espanha. Serão apenas colocados abrigos que tenha frequentado.

UM MÊS...UMA AVE

A Fundação Calouste Gulbenkian com o apoio científico da Fundação Luis de Molina e da Universidade de Évora apresenta nos jardins da fundação em Lisboa o projeto "UM MÊS...UMA AVE". Todos os meses foi apresentada uma espécie presente nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian. A lista de espécies do primeiro ano está terminada.

Canal Youtube onWILD

Novo canal no youtube destinado apenas a filmagens de vida selvagem. Subscrevam.

Definições Canon 7D Mark II

As definições que utilizo na minha máquina para a fotografia de aves.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Missão: Coruja-das-torres I



Tudo apontava para um grande dia a fotografar. De manha fui bem cedo para Pancas antes do início das acções de voluntariado para a SPEA no âmbito do projeto "Linhas Elétricas" e consegui fotografar uma águia-calçada demasiado perto de mim. Passei o dia a caminhar debaixo de linhas elétricas à procura de aves mortas por colisão ou por eletrocussão, debaixo do calor e a ver libélulas e insetos esquisitos por todo o lado. Tivemos a companhia de um simpático e amigável cão que protagonizou uma autêntica cena de um filme ao tentar "saltar" uma vala de um lado ao outro, mas esquecendo-se que já estava demasiado pesado, foi ver uma enorme bola de pelo a saltar, a ficar parado no ar por uns segundos e a desaparecer dentro da vala (de meio metro), surgindo uns segundos mais tarde todo contente a correr na nossa direção. Depois decidiu dar um mergulho e enquanto nadava aproveitava para beber água, claro que quando saia molhava tudo e todos, depois como quem não percebia o que fazia vinha roçar-se nas nossas pernas para se secar mais depressa. Fomos perseguidos por gado bravo (vacas e cavalos com crias) que olhavam para nós e julgavam que tínhamos comida para eles.

 
No final de tudo isto finalmente tive tempo para ir fotografar as corujas-das-torres (Tyto alba) à ponta da erva, como as atividades acabaram cedo tive de ficar algum tempo à espera (4 HORAS!!), mas como aquela região é bastante rica biodiversidade deu para estar entretido a fotografar as águias-sapeiras, os flamingos, e a tentar fotografar os peneireiros-cinzentos que nem se deixavam aproximar. Findo tudo isto, concentrei-me nas corujas-das-torres. Primeiro que tudo verificar o material, pinhas cheias e novas, baterias carregadas, modo manual selecionado e preparado para a fotografia noturna, foco bom e potente a funcionar (julgava eu), foco pequeno e a bateria não oferece luz suficiente e a lanterna de mão para casos de emergência em posição. Algum tempo de espera e chegava finalmente a noite, liguei o foco ao isqueiro do carro e comecei a percorrer os postes à procura de corujas. Encontrei o que julgava ser uma coruja, liguei o foco e booooommmm!! Faíscas a sair do isqueiro e rádio pifou... Desliguei e voltei a ligar e nada. Rádio nada. Começou bem, pensava eu. O que julgava ser a coruja era afinal um peneireiro-cinzento que rapidamente fugiu com aquele aparato todo. Restava-me apenas os faróis do carro, que por azar não conseguem iluminar os postes, ficando a iluminar o chão, mas tinha de ser suficiente. Percorri a estrada e nem um sinal de corujas, nada de nada, ao longe vi que se aproximava um carro e que vinham com um foco, uns segundos depois e vejo um flash, também estavam às corujas. Parei o carro e esperei que parassem de fotografar como qualquer bom fotógrafo faz, para evitar incomodar os animais ou levar a que os mesmos fujam. Quando finalmente passaram por mim levavam os máximos ainda ligados e para chatear apontaram o foco na minha direção (só pensava "obrigadinho" pelos meus olhos...). Segui na direçao oposta para tentar a minha sorte, mas nada.

 
Só meia hora mais tarde encontrei a primeira coruja, apontei o carro na sua direção e puff... Máquina não a queria focar, bolas, só pensava "mais vale ir já para casa..." mas já lá estava há mais de quatro horas, não ia desistir agora. Depois disso, encontrei mais de 20 corujas e consegui fotografar mais de metade, mesmo com o flash a demorar quase meia hora a recarregar (julgamos nós, quando mais precisamos cada segundo parece uma eternidade). Não apanhei nenhuma coruja com um ratinho no bico, mas fui-me concentrando noutro tipo de fotografia, corujas em pleno voo. Como estava lua cheia conseguia vê-las a pairar no ar, só tinha de conseguir focar na escuridão e disparar...Nada feito, tudo desfocado, restava quando as apanhava paradas e saiam a voar, o problema é que sem foco ao levantarem voo saiam do raio de acão dos faróis do carro e as fotografias ficaram todas desfocadas ou sem corujas.
 
Um dos objetivos foi cumprido, restando outras fotografias que gostava de realizar. Resta agora arranjar o foco e tentar mais uma vez.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Salvamento de um pequenino ouriço-cacheiro

Avisaram-me que estava um pequenote de ouriço-cacheiro, Erinaceus europaeus, preso na entrada da herdade nas juntas utilizadas para o gado não sair (aquelas dos cilindros).

EXIF 1/200s, f/8, ISO-200
100mm, 77cm


Quando lá cheguei ele estava a um canto e mal se mexia, estava gelado e com fome. Demorei mais de 30 minutos para o resgatar, o buraco era demasiado fundo para chegar lá com o braço, precisava de arranjar um tronco grande o suficiente para lá chegar e que fizesse uma conchinha com os ramos para ele ficar preso. Ao tocar-lhe pela primeira vez fechou-se como uma bolinha de espinhos, facilitando a sua movimentação, bastava rolá-lo até aos locais. Inicialmente rolei-o para uma zona mais elevada devido à acumulação de terra, mas mesmo assim não o conseguia apanhar. Foi necessário encostá-lo à parede e lentamente ir fazendo-o subir até o conseguir apanhar, foi demoroso mas finalmente apanhei-o. Precisava de voltar para casa com ele em segurança, tinha ido de bicicleta e nas mãos era impossível transportá-lo, por isso decidi colocá-lo na bolsinha que a bicicleta possui. Assim sabia que era impossível que ele caisse e eu me espetar.


EXIF 1/250, f/9, ISO-200
100mm, 51cm

Ao chegar a casa tive de arranjar uma caixa para o colocar, alta o suficiente para ele não fugir e grande para se poder mexer. Coloquei bastantes panos para o manter quente e fiz uma pequena casinha de panos onde se podia abrigar e foi precisamente para onde ele se dirigiu. Mas não era suficiente para se aquecer. Coloquei-o entre o pano e no meu colo para o aquecer mais depressa, até que ficou cheio de calor e começou a abrir-se lentamente. Dava para ver as patinhas e o focinho, e finalmente alguns pêlos e não espinhos. Fiz-lhe algumas festas para se acalmar e ele foi regressando ao seu estado normal enquanto permanecia a dormir. De repente, notei que ele tinha umas pulgas. Fui buscar uma taça cheia de água e comecei a apanhar pulgas, foi aí que percebi a confiança que ele me dava, conseguia tirar até as pulgas que andavam perto dos olhos e do nariz sem que ele se queixasse, escondesse ou mordesse. Tirei 14 pulgas ao todo. Quando despertou voltei a colocá-lo na caixa à qual tinha adicionado vários alimentos, desde frutas, cereais, leite, e feito uma papa com todos estes ingredientes. Enquanto procurava mais alimentos para ele reparei num pacote de batatas fritas com sabor a presunto, pensei para mim mesmo, não custa tentar. Esfarelei um bocado de batatas fritas e ele foi direito a elas comendo-as todas, meti mais batatas até ele se fartar e voltar a adormecer.

EXIF 1/500, f/8, ISO-200
100mm, 75cm

Ao final do dia era altura de o libertar, já estava quentinho e tinha feito uma boa refeição.

sábado, 18 de agosto de 2012

Mocho-galego


EXIF

1/160s, f/8, ISO-400
500mm, 10m

Sempre que saio do abrigo da charca faço o mesmo caminho pela árvore e conjunto de pedras onde a família do mocho-galego, Athene noctua, se reúne todos os dias. Mas apenas os vejo a fugirem à minha frente, neste dia estavam a saltitar debaixo da árvore. Coloquei-me atrás de um fardo de palha e esperei, sem qualquer camuflagem, e eles apareciam para espreitar e voltavam a desaparecer. Mantendo-se sempre por perto e a brincar.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Missão: Guarda-rios

EXIF (das 3)

1/1000s, f/8, ISO-320
500mm, 4.9m

5 da manhã, o despertador toca freneticamente num local onde o silêncio e a tranquilidade é a ordem. Ainda o Sol estava completamente escondido e já eu saia para mais uma aventura. Dirigi-me para o abrigo na charca, ainda estava de noite, mas como conheço os caminhos e trilhos sigo no encalçe e na escuridão da noite até ao abrigo, fazendo o minimo de barulho. O sol tinha acabado de nascer e já este pequenote estava a mergulhar perto do abrigo. O guarda-rios, Alcedo athis, pesca a alta velocidade e utiliza vários poisos diferentes, foi então que surgiu no tronco que se encontra perto do abrigo mas a luz era nula, o sol estava ainda no horizonte e não tinha força suficiente. Pensava que nunca iria conseguir fotografá-lo neste local.





Por sorte ele voltou a aparecer quando a luz estava perfeita e permitiu-me tirar-lhe várias fotografias. Depois fez algo ainda mais inacreditável, conseguiu pescar um peixe e voltou para o poleiro. A água está verde, e o local da captura não foi diretamente abaixo dele mas cerca de 4 metros mais à frente, nunca tinha presenciado esta magnifica habilidade (de capturar o peixe longe do poiso e não diretamente abaixo).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Missão: Abelharuco-comum


Abelharuco-comum (Merops apiaster) juvenil.



EXIF

1/1000s, f/8, ISO-400
500mm, 7.9m


Depois de uma madrugada sem sucesso a tentar fotografar o guarda-rios dentro do abrigo da charca, ao sair tive a oportunidade de fotografar o mocho-galego até chegarem os abelharucos. Era uma fotografia que ambicionava, um abelharuco parado num tronco e não nos "maravilhosos" cabos eléctricos onde eles normalmente poisam. O mais interessante foi fotografar juvenis misturados com adultos, na fotografia de cima pode-se ver um juvenil ainda apresenta a face superior esverdeada. Na fotografia de baixo é possivel observar um adulto com a garganta amarela, um lindo tom azulado no peito e um alaranjado na face superior.


Abelharuco-comum (Merops apiaster) adulto.

EXIF

1/500s, f/8, ISO-200
500mm, 5.4m

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Missão: Rolieiros

muito que ambicionava fotografar um rolieiro (Coracias garrulus), consegui fotografar um individuo na Barroca d'Alva mas a uma distância muito grande.
EXIF
1/800s, f/8, ISO-400
500mm, 7.2m

Já passava das cinco da tarde quando finalmente chegámos ao local onde iria encontrar alguns indivíduos de rolieiros, mas não sabia bem onde estavam nem como os iria fotografar. E era necessário definir uma estratégia para o dia seguinte.
EXIF
1/1250s, f/8, ISO-400
300mm, 9.1m


No dia seguinte e com a estratégia finalmente em ordem, foi chegar e fotografar, rapidamente se adaptaram à presença do carro e do camuflado, era apenas mais um arbusto que surgiu ali de repente, e começaram a realizar as suas rotinas diárias. É fácil compreender quando deixamos de ser uma ameaça porque eles entram no ninho com comida, uma ave quando se sente em perigo ou ameaçada tem tendência a afastar a ameaça para longe do ninho. Quando começou a concentrar-se apenas na alimentação das crias fiquei contente por tal acontecer, pude observar vários comportamentos dos progenitores a alimentarem as crias, mas isso significava que não iam posar para as fotografias.
EXIF
1/640s, f/8, ISO-400
500mm, 10m


De 5 em 5 minutos um dos progenitores chegava com comida no bico, passava rente ao capô do carro e entrava no ninho colocado numa habitação abandonada. Tinha pouco tempo para os fotografar, pois largavam a comida e saiam disparados para ir buscar ainda mais comida, a velocidade era infernal. Só quando paravam no topo do edifício é que os conseguia fotografar e começam a ser poucas as vezes que tal acontecia. Mas o prazer de ver o frenesim que era a alimentação era extraordinário e ter a oportunidade de testemunhar isso vale muito bem acordar às 5h da manhã.