GUIA DE FAUNA DA TAPADA DA AJUDA

Todos os posts relativos ao meu livro GUIA DE FAUNA DA TAPADA DA AJUDA! Desde "Como Comprar", a todas as notícias e entrevistas que sairam relativamente ao guia. Se necessitar de mais informações basta entrar em contacto através do e-mail onwild@dophotography.net. Muito obrigado a todos.

MINI-ARTIGOS SOBRE AS ESPÉCIES

Nesta secção encontram-se mini-artigos sobre as espécies, de forma sucinta e clara, ficamos a conhecer um pouco mais sobre a nossa fauna. Ilustrados com as melhores fotografias da espécie.

AS MINHAS MISSÕES

Ao contrário dos artigos, nas missão explico como consegui fotografar as espécies (ou observar). O que sofri e as peripécias para as conseguir fotografar tranquilamente e sem as perturbar.

TRUQUES E DICAS

Nesta secção poderá encontrar alguns truques e dicas sobre fotografia de vida selvagem e de natureza, desde as técnicas utilizadas na máquina como algumas das técnicas utilizadas no terreno.

ABRIGOS

Para além dos vários truques, existem também alguns abrigos já montados que podemos frequentar em Portugal e outros tantos em Espanha. Serão apenas colocados abrigos que tenha frequentado.

UM MÊS...UMA AVE

A Fundação Calouste Gulbenkian com o apoio científico da Fundação Luis de Molina e da Universidade de Évora apresenta nos jardins da fundação em Lisboa o projeto "UM MÊS...UMA AVE". Todos os meses foi apresentada uma espécie presente nos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian. A lista de espécies do primeiro ano está terminada.

Canal Youtube onWILD

Novo canal no youtube destinado apenas a filmagens de vida selvagem. Subscrevam.

Definições Canon 7D Mark II

As definições que utilizo na minha máquina para a fotografia de aves.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Truques: Lontras

Os mamíferos são os animais mais difíceis de fotografar em Portugal, se formos até África existem imensas espécies que conseguimos observar e fotografar facilmente. Regressando ao panorama nacional, um pequeno estudo revela-nos que a maioria das espécies apresenta comportamentos noturnos. Esta característica é uma grande desvantagem para nós humanos, pois a nossa visão é muito má durante o período noturno. Se a nossa é má, a da câmara ainda é pior. Por isso focá-los durante a noite é impossível, a não ser que tenham um holofote muito potente, mas nesses casos podemos assustá-los com a luz forte e apenas os vemos a fugir.



Uma das soluções é tentar fotografá-los ao lusco-fusco, tanto ao nascer como ao pôr-do-sol. No caso da lontra-europeia (Lutra lutra), tive alguma sorte em encontrá-las, mas acabou por envolver uma enorme preparação. Inicialmente observei-as a brincar numa charca ao final do dia, o resultado desta observação levou-me a passar algumas tardes junto ao local onde as observei uns dias antes, mas sem sucesso. A estratégia virou-se para tentar fotografá-las de manhã, isso implicava montar o abrigo antes do nascer do sol e esperar não ser detetado por elas. Com o sol a nascer às 7h, era imperativo estar no abrigo por volta das 6h, o que implicava acordar às 5h30 e caminhar durante 15 minutos com a tralha toda às costas em plena escuridão. A tralha incluía um abrigo, a mochila com a máquina fotográfica e a objectiva, o tripé, um saco de cama e uma manta. Sim, um saco de cama e uma manta, pois o local onde estava a fotografar fica na região de Évora e no inverno todas as noites caía uma geada que congelava tudo, inclusive o sistema de rega. Ou seja, toda a proteção contra o frio intenso era bem-vinda, acabava por ter de levar também um gorro, dois pares de luvas (porque só um não era suficiente), duas calças e vários casacos (alguns daqueles usados para a neve).

Montar o abrigo tem de ser rápido, deixando todas as luzes apagadas e permanecendo o mais escondido possível. Usualmente ficava atrás do abrigo enquanto prendia as estacas, caso o vento levantasse já não teria de me preocupar em segurar o abrigo.
As primeiras horas de espera são as piores. Primeiro porque não sabemos se fizemos tudo bem, depois porque ainda está de noite e não vemos nada, no entanto, aproveitamos para começar a preparar tudo. Montamos o tripé e colocamos a máquina, ajustamos o ISO e verificamos a velocidade, esta tarefa terá de ser feita de 20 em 20 minutos, mesmo que não estejamos a fotografar. Desta forma asseguramos-nos que temos a máquina pronta para quando as lontras aparecerem. Quando a luz estabiliza, por volta de 2 horas depois do sol nascer, o processo abranda, no entanto, temos de ter sempre em atenção os locais à sombra.

Depois de tudo feito basta apenas dar ao gatilho. Ter em atenção que só se devem mexer ou fotografar quando as lontras estiverem relaxadas. Caso alguma delas olhe para o local do abrigo ou venha na direção do abrigo, olhem para outro lado e permaneçam totalmente imóveis, parando de fotografar. Quando ela relaxar, podem retomar a sessão fotográfica.
Resumo:
Habitat – rios, ribeiras, lagos, lagoas, albufeiras, zonas húmidas;
Alimentação – peixes, anfíbios;
Equipamento – abrigo, tele-objectiva;

Época do Ano – todo o ano;

domingo, 20 de setembro de 2015

Truques: Guarda-rios

Guarda-rios (Alcedo atthis) fotografado numa albufeira.
O guarda-rios (Alcedo atthis) é uma das aves mais belas que ocorre em Portugal. Como qualquer outra espécie, antes de sair para o terreno para a fotografar há que fazer o trabalho de casa e estudar a sua ecologia. Esta espécie pode ser facilmente encontrada, pois os seus habitats preferenciais são margens de rios, ribeiras, lagoas, charcas, entre outras zonas húmidas. Esta seleção deve-se ao facto de o guarda-rios se alimentar de animais aquáticos, como peixes, anfíbios, larvas de insetos, entre outros.

Guarda-rios (Alcedo atthis) fotografado numa albufeira.

Com todas as informações em mente, podemos ir para o terreno procurar um local com habitat propício e com os recursos alimentares adequados. Ou seja, um ponto perto de uma linha de água ou de uma albufeira são os ideais. Depois de definirmos o local é necessário realizarmos algumas observações, de forma a determinarmos quais os locais onde eles poisam e qual a melhor altura para os fotografarmos. A primeira coisa que irão constatar é que eles escolhem usualmente poisos mesmo sobre a água, de forma a observarem os movimentos dos peixes e terem uma boa base de lançamento para o seu ataque final. Ora, estes poisos tendem a ser inacessíveis ou a não proporcionarem a fotografia mais bonita. O truque é providenciar um poiso adequado, tanto para ele pescar facilmente, como para nós o fotografarmos facilmente.

Guarda-rios (Alcedo atthis) fotografado numa charca.

A escolha do poiso é um dos aspetos fundamentais, eu tenho o hábito de usar um tronco que apanhe caído no chão, como biólogo que sou, não gosto de andar a cortar troncos ou árvores. De preferência um tronco perto do local onde vou montar o abrigo, fácil de transportar e que retrate o local onde irei fotografar o guarda-rios. Mas se escolherem um local perto de casa, podem “roubar” um tronco a uma das árvores de fruto (dos avós) e utilizá-lo como poiso. Com o tronco colocado há que testar o material, verificar se as fotografias ficam como desejamos quando a ave poisar nos locais que montámos. Eu prefiro montar dois a três poisos, com fundos diferentes, e assim deixar a ave decidir. Pode ainda dar-se o caso de a ave utilizar os vários poisos numa mesma sessão fotográfica, e assim parece que fotografámos em locais e condições diferentes.

Guarda-rios (Alcedo atthis) fotografado numa charca.
A distância a que os poisos ficam da água ou da margem é irrelevante para eles, podemos colocá-los perto do abrigo ou mais longe. O que é vantajoso é possuírem alimento mesmo por baixo dos poisos, para serem mais fáceis de atrair. As fotografias foram obtidas utilizando um abrigo móvel, que coloco no próprio dia um pouco antes do sol nascer.
Guarda-rios (Alcedo atthis) fotografado numa charca.


Resumo:
Habitat – rios, ribeiras, lagos, lagoas, albufeiras, zonas húmidas;
Alimentação – peixes, anfíbios;
Equipamento – abrigo, poisos, tele-objectiva, galochas;

Época do Ano – todo o ano