quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Barragem do Vale Cobrão

A barragem do vale Cobrão situa-se na recta da Nacional 119 a 11km do IC3, sendo de fácil acesso, embora as margens da barragem se encontrem vedadas e de acesso cortado. No dia da minha visita havia pouca água e a que havia encontrava-se num estado lastimável, mas por minha sorte existiam bastantes insectos interessantes para fotografar.



O primeiro avistamento foi de uma libélula que se encontrava a voar no caminho que percorríamos, era uma fêmea de Sympetrum fonscolombii (Red-veined darter), esta libélula é comum no sul da Europa e desde 1990 que tem sido também encontrada a norte da Europa. É semelhante a outras espécies do género Sympetrum mas uma observação mais detalhada permite observar várias diferenças, especialmente nos machos. Os machos (foto de baixo) possuem o abdómen vermelho, as asas possuem nervuras vermelhas, a parte inferior do olho é azulada/acinzentada. As fêmeas (foto em cima) são semelhantes aos machos mas possuem o abdómen amarelado e as asas possuem nervuras amarelas. As patas em ambos os sexos são maioritariamente pretas, mas com algum amarelo.
Os machos imaturos são idênticos às fêmeas embora um pouco mais vermelhos. É a única libélula encontrada nos Açores e na Madeira. É uma espécie territorial e é possível observá-la a voar entre Maio e Outubro. Depois da cópula o par permanece ligado até à postura dos ovos onde a fêmea coloca o seu abdómen na água para a deposição dos ovos, podem ser observados a voar sobre a água à procura de um local para depositar os ovos. Os ovos e as larvas desenvolvem-se rapidamente e ao contrário das outras libélulas europeias tem mais do que uma geração por ano.

Num dos charcos com água temporária avistei demasiados lagostins vermelhos (Procambarus clarkii), esta espécie é proveniente do estado do Louisiana nos Estados Unidos da América. É uma espécie invasora em Portugal e foi introduzido em 1973 na zona de Badajoz para abastecimento da linha alimentar, passaram para um afluente do Guadiana em 1979 e devido ao seu enorme poder de reprodução e de sobrevivência, espalharam-se rapidamente por toda a Península Ibérica. Este crustáceo de água doce, dependendo de onde habita, do estágio de crescimento em que se encontra, da alimentação, entre outros, é capaz de mudar de coloração. Pode viver até aos dois anos e chegar a medir cerca de 15cm. São geralmente calmos e encontram-se quase sempre escondidos. Tal como todos os artrópodes sofrem várias mudas de carapaça enquanto crescem. As lontras e outras aves alimentam-se desta espécie, tornando-se numa fonte de alimento importante para as lontras. Neste local pude observar varias pegadas e vários dejectos de lontra, assim como pedaços de lagostim que elas não gostam.

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